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Efeitos psicológicos de uma guerra feita de balas, muito ódio e mentiras
Opinião em foco
Publicado em 14/11/2023

Desde que uma nova guerra do grupo terrorista Hamas contra o Estado de Israel teve início, no começo do mês passado, uma série de narrativas passou a surgir nos veículos de comunicação do mundo inteiro, provocando uma série de reações que também são efeitos de um impacto psicológico coletivo.

No texto de hoje, portanto, quero trazer alguns apontamentos sobre as sequelas psicológicas de uma guerra que não está sendo travada apenas no campo militar, mas também no campo da informação, onde o ódio e as mentiras vêm sendo usados como armas tão poderosas quanto bombas e foguetes.

Isto posto, começo dizendo que numa guerra sempre há vítimas inocentes de ambos os lados. Assim sendo, lamento por essas mortes em Israel e em Gaza, e torço para que a paz chegue ao Oriente Médio o mais rápido possível, atendendo aos anseios legítimos de todos os que realmente buscam a convivência pacífica entre judeus e muçulmanos.

Mas, não cabe a nós apenas lamentar. Também precisamos entender como nós, enquanto cidadãos consumidores e reprodutores de informações, podemos colaborar, mesmo distante e indiretamente, para que a tão sonhada paz seja concretizada.

Efeitos individuais
Numa guerra, os efeitos psicológicos mais comuns ocorrem na esfera individual, podendo ser eles o Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT), síndrome do pânico, ansiedade e depressão.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), ao menos nove por cento da população afetada diretamente por conflitos armados desenvolve algum transtorno. Ocorre que, uma vez que muito dos seus sintomas pode aparecer apenas tempos após o início da guerra, às vezes até em anos, esse número pode ser bem maior.

Efeitos coletivos
Outras consequências decorrentes de uma guerra podem surgir na coletividade. Um exemplo disso é o radicalismo ideológico com base na percepção distorcida da realidade por influência de terceiros.

Vemos isso na doutrinação de crianças por parte dos grupos terroristas. Isto é, uma geração alimenta outra geração com o mesmo discurso de ódio que resulta em conflitos armados, fazendo com que ela produza os efeitos perpetuadores da violência.

Também vemos isso pela maneira como os veículos de informação reportam as notícias da guerra. No conflito Hamas-Israel, por exemplo, após a veiculação de que os israelenses teriam atacado um hospital em Gaza, deixando supostos 500 mortos, uma onda de protestos antissemitas se espalhou pelo mundo. Posteriormente, a informação foi desmentida, mas a notícia falsa já havia produzido o seu estrago.

Ainda como efeito coletivo, podemos citar também o separatismo étnico, religioso e social provocados pela alimentação do ódio entre os povos em conflito, algo que também podemos observar com clareza nos conflitos do Oriente Médio.

Conclusão
Como podemos observar, as sequelas psicológicas de uma guerra vão muito além da esfera individual, podendo afetar gerações e mais gerações, assim como públicos/culturas que não estão diretamente envolvidos no conflito.

Precisamos ter compromisso com a vida humana e a paz, fazendo distinção entre os que desejam isso e os que vivem de alimentar o ódio contra os seus semelhantes. Independentemente dos lados, porém, uma guerra afeta a todos, indiscriminadamente.

Assim, façamos a nossa parte da melhor forma, especialmente como cristãos, judeus ou muçulmanos, orando por um objetivo comum que é a capacidade de conviver, acima de quaisquer diferenças, em paz.

Marisa Lobo possui graduação em Psicologia, é pós-graduada em Filosofia de Direitos Humanos e em Saúde Mental e tem habilitação para Magistério Superior.

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