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O que o Brasil pode aprender com o atual conflito de Israel?
31/10/2023 20:51 em Opinião em foco

Quando o serviço de inteligência falha em sua missão de antecipar situações por meio da coleta de dados e informações, o resultado é a violência e o combate corpo a corpo. Fazendo uma breve análise da invasão que o Hamas fez em Israel no dia 7 de outubro, podemos inferir que a presença ostensiva do exército aos redores da Faixa de Gaza, não foi suficiente para evitar a invasão ao território israelense, culminando em ataques a cidadãos israelenses e uma posterior ofensiva de Israel contra o Hamas, dentro da própria Faixa de Gaza.

Mas o que muitas pessoas não sabem, é que Israel tem um dos melhores serviços de inteligência do mundo. No entanto, acredita-se que o Mossad não tenha falhado em descobrir antecipadamente essa situação, provavelmente, algum “especialista” baseado em sua crença na ostensividade bélica, desencorajou a decisão política de agir para evitar o ataque.

O QUE ISSO TEM A VER COM O BRASIL?
Segundo o anuário brasileiro de segurança pública divulgado em setembro de 2023, que mede a violência no Brasil utilizando informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública, o Brasil é classificado como um dos países mais perigosos e violentos do mundo, com várias cidades onde os números de homicídios são alarmantes. Esses números, quando somados, colocam o Brasil em posição superior a lugares que estão em situação de guerra declarada.

Esse é um forte indício de que o velho modelo de segurança pública adotado no Brasil já faleceu há muito tempo e não gera o resultado esperado, pois apenas a presença de viaturas ou de policiais a pé em determinados locais de intenso movimento, não é mais suficiente para intimidar a bandidagem. Pois esta, ao contrário do poder público, se organizou e ao longo dos anos tornou-se muito superior belicamente em comparação às polícias, tornando-se cada vez mais especializada em suas atividades delitivas.

A chamada “polícia ostensiva” fracassa em apresentar o resultado esperado pela sociedade. A sensação de segurança, comumente falada entre os estudiosos do tema, atualmente é uma mera fantasia e não condiz com a realidade brasileira. Além de ser financeiramente impossível colocar uma viatura de polícia caracterizada em cada quarteirão de uma cidade, isso resulta apenas em uma espécie de corrida de “gato e rato” interminável entre a polícia e os criminosos.

A culpa, no entanto, não é dos valentes policiais, homens e mulheres que saem de casa sem saber se irão voltar para as suas famílias, mas sim da classe política, que repetidamente adota as já ultrapassadas práticas em relação à segurança pública.

Se o serviço de inteligência de Israel tivesse tido êxito, a invasão realizada pelo Hamas teria sido evitada e todo o seu desfecho não estaria acontecendo. Da mesma forma, se os políticos e gestores públicos valorizarem e investirem de forma correta no serviço de inteligência policial, muitas mortes resultantes das guerras entre organizações criminosas, disputas por áreas de tráfico, acertos de contas entre grupos rivais e até a letalidade das polícias irão diminuir exponencialmente, pois estas, não terão que estar constantemente entrando com combate após os crimes ocorrerem.

Assim, as agências de inteligência policial se concentrarão em identificar os personagens que vivem na contumácia delitiva e em fornecer elementos que auxiliem nas investigações policiais, fazendo com que muitos crimes não ocorram. O que, na prática, resultará na diminuição da violência no Brasil.

Sobre o autor: Thomas Jefferson Alves é policial penal do estado do Ceará há mais de dez anos e
especialista em inteligência policial.
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